Por Eliseu Gardin
Em meio à pandemia e ao isolamento social provocado pelo Covid 19, o consumo das mídias sociais se intensificou e cada geração tem desfrutado dessa tecnologia de formas diferentes.
Geração baby boomer (Geração Prateada). Justifica-se a escolha da geração baby boomer devido ser o grupo de pessoas que está há mais tempo no mercado de trabalho, além de estarem vivendo as mudanças ocorridas pela presença das novas tecnologias de informação e comunicação no ambiente de trabalho, tendo que se adaptar, já que se trata de um contexto bem diferente daquele, quando iniciaram suas carreiras profissionais.
Um público, até há pouco tempo silencioso e pouco representativo na escala demográfica, está provocando uma verdadeira revolução em todos os sentidos e em todos os cantos do planeta.
Mudança de comportamento de cada geração
O consumo do futuro é a conectividade. Isso porque, durante a pandemia, grande parte das atividades passaram a acontecer no ambiente online. Nesse quesito, uma geração acaba chamando atenção: é a geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, e que cresceram já na Era da Internet.
Isso quer dizer que as outras gerações ficam de fora desse movimento? Não. A presença online chegou para ficar independentemente da idade dos indivíduos, apesar de ser mais comum entre os mais novos. Dessa maneira, conquistar pessoas da geração X (nascidos entre 1965 e 1980) ou Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), também é algo que precisa ser feito pelo universo online.
Poder de Consumo
Com forte influência na economia, a participação dos idosos tem um grande peso no Brasil e no varejo. A grande questão é: será que a geração prateada se sente bem atendida e satisfeita na forma como é tratada pelas marcas?
Ao contrário do que muitos pensam, os prateados têm forte poder de consumo. A população com mais de 50 anos, segundo a pesquisa Longeratividade, do Instituto Locomotiva, representa a maior fatia do mercado consumidor do Brasil. É responsável por movimentar R $1,8 trilhão por ano e corresponde a 42% do consumo total das famílias. No mundo, este valor chega a US$ 15 trilhões por ano. (Fonte: Pesquisa Tsunami60+).
Embora muitos idosos afirmam ter autonomia para decidir como gastar o próprio dinheiro, boa parte destes se ressente da falta de produtos pensados especificamente para atender às suas necessidades. “O idoso de hoje é mais consumista, esse público tem um potencial muito grande a ser explorado, mas que ainda é pouco aproveitado pelo mercado”. No caso de serviços oferecidos em domicílio, os mais relevantes são a entrega de medicamentos e compras feitas em supermercados.
Ademais, toda a atmosfera de compra, ou seja, comunicação externa, layout, iluminação adequada, temperatura, cores, odores agradáveis, sensação de limpeza e sons têm que ser planejada para que cada um desses detalhes comunique com seu público e segmento, dirigida a sua identidade visual.
Apesar de ser um público consumidor ativo, os maduros dizem que têm dificuldades de encontrar produtos e serviços adequados ao seu momento de vida. No estudo sobre os hábitos de consumo da maturidade, realizado em parceria pela Hype60+ e a MindMiners, 57% dos maduros brasileiros ouvidos disseram que sentem falta de produtos e serviços voltados para a sua idade, além de encontrar dificuldades no ambiente físico.
Cada vez mais, as redes de supermercados precisam ficar de olho neste perfil de consumidor e suas limitações, necessidades e desejos. O fato de que há idosos que encontram alguma dificuldade quando estão fazendo compras em um supermercado. Seja pelas letras pequenas nas seções ou nas embalagens, carrinhos de compra pesados ou fundos demais, produtos expostos em gôndolas muito baixas, mau atendimento, filas nos caixas, entre outros aspectos que desestimulam o consumo entre os idosos.
Dentro de um supermercado, os idosos valorizam cada vez mais aspectos práticos do produto assim como facilidade de navegação no ambiente digital. Além disso, oferecer melhorias na experiência de compra, variedade de itens e outros serviços complementares, como farmácia e caixa eletrônico, podem ajudar a fidelizá-los. Vale lembrar que um dos principais atrativos para os idosos nas lojas são as conversas com colaboradores, conhecidos e amigos que frequentam ali também.
Com o estudo, da consultoria Mercado Sênior, os principais fatores de diferenciação para os consumidores com mais de 60 anos de idade são: comunicação in-store (estratégia que direciona o cliente na decisão de compra); experiência sensorial; iluminação; sinalização; temperatura; e novos equipamentos. Além disso, embalagens individuais também são bem-vistas pelos idosos na hora de fazer compras nos supermercados.
Outra questão importante é o cuidado que as redes precisam ter ao desenvolver o projeto da loja baseado no conceito do “design universal”. Isto porque uma empresa que consegue atender bem os clientes seniores, também atende bem todos os outros perfis de consumidor, porém se pensarmos de maneira inversa, este fato não se aplica.
Diversas situações relacionadas à dificuldade de alcance dos produtos podem ser observadas no ambiente do supermercado, podendo ocasionar a desistência de compra do produto em específico ou então situações constrangedoras, por exemplo, para buscar um produto na prateleira alta e no fundo, quem nunca viu o cliente improvisar com qualquer outro produto, citando, uma “caixa de papel alumínio”, para acessar e derrubar o seu produto da prateleira. Nesse caso, implementar melhorias, como meios de solicitar auxílio de um funcionário, seria recomendado e aumentava a segurança e a satisfação do cliente.
Para facilitar o entendimento do que uma loja deve agrupar em seu ambiente para satisfazer este enorme grupo de consumidores, listamos algumas principais medidas que podem melhorar a experiência dos mais velhos nos supermercados:
- Corredores largos;
- Maior sinalização nas seções;
- Sortimento de produto adequado;
- Embalagens menores, leves e legíveis;
- Entregas;
- Atendimento personalizado,
- Área de alimentação;
- Vagas de estacionamento largas, destinadas aos idosos etc.
Mercado da terceira idade à espera de alimentos especiais
O poder de compra, os novos comportamentos e o crescimento exponencial da população com mais de 55 anos no Brasil e no mundo todo são incontestáveis. A Economia Prateada está aí, forte, e com um potencial imenso, cobrando o despertar da indústria para as necessidades deste público. Um universo de oportunidades para as marcas de alimentos e bebidas explorar em novos produtos, formatos, serviços e até comunicação específica para atrair os consumidores maduros.
Há oportunidades de mercado, portanto, para alimentos com as demandas dos idosos: nutritivos, de fácil digestão, com baixo teor de gorduras, de fácil preparo e manuseio e com informações eficientes para quem perdeu parte da acuidade visual.
Alimentos fracionados é uma das demandas dessa faixa etária. Os valores nutricionais devem estar bem à vista. A indústria nem sempre está atenta a alguns itens fundamentais. Eles precisam de porções menores, como o frasco de meio litro de leite, e a embalagem fracionada de pão integral. Muitos moram sozinhos, precisam de produtos semi-prontos para suas condições e não querem ser dependentes.
A geração prateada tem desafiado consistentemente as expectativas e ainda são poucas as redes de supermercados que a entendem completamente.
“Há uma lacuna de expectativas entre o que os consumidores mais velhos querem de um produto e o que a maioria desses produtos oferece.” Assegura Joseph F. Coughlin, diretor do MIT AgeLab e autor do livro “The Longevity Economy”.
Socialização
O supermercado é fonte para suprir as necessidades diárias de alimentação, sendo um destino comum dos idosos, além disso, pode ser um local de socialização. Por isso, “tem grande importância não só para a manutenção de sua despensa de alimentos”, mas também serve como fonte de lazer e diversão.
Outra questão importante é o treinamento aos funcionários para tratar os idosos com atenção e solicitude, assim possibilitando satisfação em relação ao serviço prestado, por meio de uma comunicação interpessoal eficiente.
Os sêniores estão “On-line”
Quando falamos de youtubers ou instagrammers, logo pensamos nos novinhos da geração Z. Olhamos pouco (ou quase nunca) para outra faixa da pirâmide etária, a de idosos. Entretanto, essa população cresce no país, participa mais ativamente da sociedade, consome e também pode influenciar seguidores no mundo virtual.
Eles têm uma postura menos frenética, aprendizado adquirido nas vivências acumuladas, mas não se limitam nem são cheios de pudores, o que marca a entrada na chamada terceira idade.
No mundo dos negócios, isso inclui as redes de supermercados, que adotam várias estratégias para chegar ao consumidor final. A tática atualmente mais eficiente é o “Marketing de Recomendação”. De maneira simples, o Marketing de Recomendação é a estratégia de Marketing que começa por meio da experiência de um cliente existente até a sua indicação para outra pessoa. Ou seja, é quando os seus clientes se tornam os promotores da sua empresa. E é aí que entram em cena os influenciadores digitais.
Na era do Marketing Digital, com todas as redes sociais, blogs e outras formas de produzir conteúdo, as pessoas que possuem muitos seguidores desempenham um papel de grande influência na tomada de decisões de compra daqueles que as seguem.
Quem são eles?
Digital influencer é um formador de opinião digital que influencia milhares de seguidores por meio do conteúdo publicado em redes sociais.
Podemos dizer que o influenciador digital é uma evolução do conceito de “webcelebridade”, que representa indivíduos que saíram do anonimato e ganharam relevância e credibilidade na internet.
A administradora, Erika Orlandini, autora do blog ‘Carioca Básica’, criado em 2011, atuava em grupos na Internet onde trocava informações e dicas sobre assuntos de interesse feminino e voltados para o lar. Hoje, a @CariocaBásica é abordada pela indústria alimentícia, de limpeza e higiene pessoal, recebe os lançamentos em primeira mão e faz resenhas sobre os produtos em seu blog, que é uma referência para quem gosta de saber o que há de novo no mercado. Com 80,1 mil seguidores, ela dá diversas dicas e fala da sua rotina.
A dona-de-casa Eloísa de Pádua, mora na cidade de Araraquara, sempre gostou de ser amostrada, como ela mesma diz. Tirar fotos, falar com as pessoas. E daí para o mundo digital foi um passo. No Instagram @eloisapaduaa, ela tem 29,7 mil seguidores e mostra a vida como ela é. Sua casa, seu jeito de ser, de se vestir, as promoções dos comércios, marcas de produtos, o que ela come e todo o seu cotidiano.
“As pessoas se identificam comigo porque sou o que sou. Sou a Ello, que limpa casa, que vai ao supermercado, que cuida dos filhos, do marido, que faz comidas. Gosto de dividir receitas e as promoções em supermercados.”
Nosso outro personagem são as donas de casa, essas mulheres se auto intitulam “donas de casa simples”. Elas têm perfis na web que acumulam milhares de seguidores e, por lá, adoram compartilhar o cardápio do dia, mostrar o que prepararam de almoço para a família, apresentar marcas dos produtos etc.
São mulheres que muitas vezes enfrentam jornadas duplas, ao encarar um trabalho formal e o de dona de casa, mas que sentem orgulho em compartilhar suas rotinas.
O bom humor também é regra. E, se você acha que ser dona de casa não dá trabalho, a Ingrid Beatriz, dona do perfil @donadolar_fofo, com 153 mil seguidores, prova que não!
Diante disso, os ambientes virtuais deixaram de ser vistos apenas como redes de relacionamento, passando também a uma perspectiva comercial. Vale notar, essa interatividade e essa troca de informações, permite às redes de supermercados estimule suas vendas nas redes sociais sem mencionar preço, mas sim, suas promoções, que despertam o interesse do consumidor.
O Dia possui um site onde divulga a Revista DIA, oferece receitas com os produtos que o supermercado oferece. Matérias interessantes, Dicas de como escolher os melhores alimentos, como “Escolha a laranja pelo peso. Quanto mais pesada a laranja, mais suco ela rende!” fazem sucesso com o público. Divulgue informações importantes, que prendam a atenção de seus consumidores e que possam agregar algo em suas vidas.
Podemos perceber que diferentes empresas podem conseguir mais fãs e pessoas interessadas em seus conteúdos de uma forma única, com personalidade e proximidade. É preciso focar sempre em “pessoas” e suas preferências e comportamento, para assim atingi-las da melhor forma.
Antes mesmo da realidade da pandemia do novo coronavírus e da necessidade de isolamento social, as pessoas com mais de 60 anos já estavam com um comportamento online em construção. Hoje, quando se fala em longevidade, para o público maduro se trata de um projeto de vida e não um projeto sazonal. São ações diárias para envelhecer de forma saudável.