Os brasileiros estão perdendo cada vez mais o seu poder de compra no supermercado. Isso se deve, em parte, pelos fenômenos naturais, que prejudicaram as últimas safras, e pela inflação, onde o custo com alimentação tem se mantido acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde outubro do ano passado. Mas entre meados de março e o início de abril outro fator vem comprometendo a renda das famílias brasileiras: os impostos estaduais. Isso porque a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) acaba de sofrer reajuste em 10 estados brasileiros.
Pernambuco foi o estado que liderou o ranking de aumento das recentes tributações, os alimentos subiram até 10% nas gôndolas dos supermercados em alimentação. Para o especialista em tributação no segmento de varejo e diretor executivo da Mix Fiscal, Fabricio Tonegutti, o salto nos impostos força os supermercadistas ao repasse dos preços dos alimentos e, consequentemente, diminui o poder de compra das famílias brasileiras.
“O varejo é um negócio de centavos, logo cada tributação errada tem um impacto avassalador no final de cada mês para os supermercadistas. E quando falamos sobre tributação no setor varejista precisamos entender, primeiramente, os desafios que regem esse cenário no Brasil. Isso porque, nos últimos 25 anos, 55 novas regras tributárias são implementadas diariamente. Um supermercado de médio porte costuma ter, pelo menos, 30 mil itens catalogados, então o desafio de checar, todos os dias, se houve alguma alteração na tributação e fazer rapidamente essa alteração é uma questão de sobrevivência para as lojas não perderem a pouca margem que possuem”, explica Fabrício.