Por William Saab

Perigo invisível

A contaminação cruzada representa um risco para a saúde. Saiba como seu supermercado pode reduzir as chances dela aparecer

Por mais cuidadoso e higiênico que um supermercado possa ser, existem riscos invisíveis e que somente um protocolo sanitário em dia é capaz de eliminá-los. Isto envolve o treinamento de colaboradores, a inspeção constante das áreas comuns e até a colaboração dos clientes. Um desses perigos é a contaminação cruzada, quando microrganismos nocivos de um alimento são transferidos para outro, geralmente por meio de superfícies, utensílios ou pelas mãos mal higienizadas. As consequências para o consumidor podem ser graves, incluindo doenças de várias naturezas.

A carne crua é um dos principais vetores de contaminação cruzada. Suas propriedades invisíveis a olho nu podem conter bactérias perigosas que, se entrarem em contato com alimentos prontos para o consumo, como frios, frutas e legumes, podem representar um risco à saúde. Combater a contaminação cruzada exige um esforço conjunto entre supermercados e consumidores. Os supermercados devem implementar medidas rigorosas de higiene, como:

  • Segregação adequada dos alimentos: Carnes cruas, aves e peixes devem ser armazenados em prateleiras e geladeiras separadas de outros alimentos, especialmente os prontos para o consumo.
  • Limpeza frequente de superfícies e equipamentos: Balcões, tábuas de corte, utensílios e equipamentos utilizados para manipular alimentos crus devem ser específicos e higienizados com frequência e de forma adequada.
  • Treinamento dos funcionários: Funcionários que manipulam alimentos devem receber treinamento adequado sobre boas práticas de higiene e manipulação de alimentos, incluindo a importância de evitar a contaminação cruzada.

Consumidor consciente é parte da solução

Os consumidores também podem contribuir para prevenir a contaminação cruzada:

  • Evite tocar em carnes cruas e depois em outros alimentos: Lave bem as mãos com água e sabão após tocar em carnes cruas antes de tocar em outros alimentos ou superfícies.
  • Utilize carrinhos e cestas de compras separados: Utilize um carrinho ou cesta de compras para carnes cruas e outro para os demais alimentos.
  • Higienize as sacolas reutilizáveis: Lave bem as sacolas reutilizáveis ​​com água e sabão após cada uso, especialmente se forem utilizadas para transportar carnes cruas.
  • Verifique a temperatura dos alimentos refrigerados: Certifique-se de que os alimentos refrigerados estejam armazenados na temperatura adequada.
  • Lave bem frutas, legumes e verduras: Lave bem frutas, legumes e verduras em água corrente antes de consumi-los, mesmo que já estejam embalados.

De acordo com a Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), locais que armazenam alimentos necessitam de uma rotina de higiene adequada e que considere os procedimentos, químicos e equipamentos corretos e recomendados para garantir o bem-estar de clientes e funcionários, além de promover a proteção dos alimentos, 

Além disso, um ponto de venda de alimentos visivelmente limpo transmite segurança e credibilidade, podendo auxiliar na conquista e fidelização dos clientes. No entanto, é necessário que sejam empregadas as técnicas adequadas aos diversos setores e superfícies com características específicas como peixaria, hortifruti, refrigeradores e gôndolas, o que torna a higiene perfeita destes ambientes um grande desafio.

1) Higienização contínua das áreas de perecíveis Nos setores de hortifruti, açougue e peixaria a limpeza deve ser contínua. Por isso, a padronização de produtos e boas práticas de higienização são fundamentais. Visando evitar a contaminação de alimentos, é preciso de uma higienização adequada e que seja realizada, ao menos, três vezes ao dia, sem descuidar com a desinfecção. Já no açougue, as tábuas devem ser raspadas e higienizadas a cada corte, assim como na seção de frios. A frequência deve aumentar dependendo do risco de contaminação de cada setor.

2) Máquinas e equipamentos de limpeza geram eficiência. Equipamentos e acessórios podem auxiliar no processo de limpeza. As lavadoras de alta pressão e as secadoras de pisos são exemplos. Além disso, com o cumprimento das especificações dos fabricantes de químicos (diluição, validade, manuseio), é possível ainda reduzir os custos operacionais.

3) Profissionais capacitados são fundamentais – A contratação de profissionais qualificados é fundamental. Os treinamentos constantes realizados com as equipes garantem que os procedimentos sejam seguidos à risca.

4) Limpeza dos carrinhos e cestos de compras – Os carrinhos e cestos de compras dos supermercados podem levar bactérias para todos os ambientes, sendo uma fonte de contaminação, pois transportam de tudo. Por isso, é necessária a implementação de um programa de limpeza específico para estes itens.

5) Manutenção das áreas externas – As áreas fora do supermercado são fontes de contaminação, devendo ser mantidas limpas para reduzir a quantidade de sujeira que entra no recinto. O comprometimento com a manutenção constante do piso durante o horário de fluxo de pessoas é indispensável.

Para a nutricionista da Rede Confiança, Luciana Oliveira, o manuseio de alimentos por parte dos trabalhadores é um ponto de atenção, por isso, devem envolver vários processos, como o cumprimento rígido da legislação e conhecimentos básicos sobre contaminação e riscos físicos, químicos e microbiológicos. “A consciência de que uma higienização correta das mãos pode salvar vidas, precisa ser repetida até virar hábito no ambiente de trabalho”, aponta.

Ela ainda conta que o alimento, até chegar à mesa do consumidor final, passa por vários processos e o colaborador do supermercado é orientado para saber quais são eles. Existe um controle estabelecido desde o recebimento do fornecedor até a exposição no pdv.

O setor supermercadista dispõe de atividades que auxiliam os ambientes à forma correta de cuidar dos alimentos. Normalmente são cursos como o “Boas Práticas de Manipulação”, com carga horária de até quatro horas, com validade de um ano. Luciana conta que eles são obrigatórios e monitorados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).  Ela, entretanto, entende a importância não somente por uma obrigação legal, mas por conscientização da importância e seriedade. “O profissional que aplica o BPM está atento a todo momento sobre os riscos pertinentes à segurança do alimento, para evitar a contaminação sejam elas quais forem”, finaliza. 

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