O Hortifruti Fartura é um exemplo de vitalidade. Não apenas pelo histórico de 42 anos de existência, mas também pela condução de perto de um dos principais nomes do setor supermercadista em São Paulo: Cristiane Raya. A empresária, que cresceu em meio a frutas, verduras e legumes, conta, nesta entrevista, como enxerga o setor, que ela conhece desde criança, detalha as pretensões da rede para o futuro e explica como a pandemia mudou a rotina das lojas.
O Hortifruti Fartura completa 42 anos agora em março. Como enxerga a evolução das lojas nesses anos?
Vejo com muita satisfação. A unidade da Avenida Guapira foi pioneira em lojas no setor hortifrutigranjeiro. Antigamente, eram chamados de sacolões porque todos os produtos eram pesados juntos, exceto algumas frutas importadas, vendidas separadamente. As mudanças na economia e também na agricultura tornaram inviável o varejo neste formato como conhecíamos. Hoje, operamos como um supermercado que tem foco mais nas vendas de frutas, verduras e legumes, com prioridade na exposição, qualidade e variedade do que fornecemos. Temos orgulho de ter uma gestão moderna e que procura atender as necessidades de clientes de maneira personalizada.
Por que focar o mix de produtos em hortifrúti? A ideia da rede sempre foi focar prioritariamente em FLV?
Sim, a ideia sempre foi essa. Esse modelo traz o cliente para as lojas, pelo menos, uma vez por semana por trabalharmos com produtos perecíveis. Muitas vezes, eles vêm até diariamente porque alguns clientes têm o hábito de comprar hortaliças frescas todos os dias. Sempre fui ligada a FLV, uma tradição que vem dos meus avós e pais e também do meu marido (o empresário Antonio Raya Sanches), então, de alguma forma, sempre estive ligada ao ramo. E nem sempre foi como supermercadista. Tivemos época em que trabalhávamos com o plantio e venda em feiras livres. Posso afirmar que as frutas sempre estiveram muito presentes em nossas vidas.
Quais os planos futuros do Fartura? Podemos esperar por novas unidades?
Temos como plano manter as nossas tradições de priorizar sempre a qualidade e frescor do que ofertamos. Isso garante melhorias na experiência de compra que proporcionamos aos clientes. Temos como premissa um atendimento personalizado para fidelizar o cliente, inclusive com ofertas de produtos próprios. Esperamos atingir outras regiões da cidade de São Paulo com o padrão Fartura. A nova geração que está assumindo a direção da empresa tem essa visão de expansão.
Como vocês pensam o mix de produtos e o gerenciamento das categorias das lojas?
Estamos sempre atentos às demandas, com uma criteriosa avaliação dos dados dos sistemas que operamos e também com a escuta atenta aos supervisores de cada setor. Entendemos cada departamento como uma loja, por isso este cuidado. De modo geral, o mix de itens que consideramos supérfluos variam de acordo com a unidade e a demanda, mas os carros-chefes nunca podem faltar em todos os endereços. O que posso garantir que o que não muda é a qualidade do nosso serviço.
O que a pandemia trouxe de aprendizado ou de novidade para as lojas do Fartura?
Aprimoramos o cuidado com a saúde de nossos colaboradores e clientes. Também melhoramos o convênio médico, que é totalmente custeado por nós. Isso reduziu o turnover das lojas. Ainda intensificamos a limpeza e a sanitização diária dos ambientes. O delivery, que antes era uma conveniência, agora já é algo estabelecido, tratamos como um canal de venda que tem, inclusive, uma divulgação forte em nossas comunicações.
Como você iniciou sua jornada no setor supermercadista?
Desde criança estive neste ambiente. Meu pai e meus avós sempre foram comerciantes. Minha avó, ainda em Portugal, já trabalhava com frutas e, quando veio para o Brasil, iniciou um plantio de verduras. Depois, montou uma pequena mercearia. Também teve avícola, açougue e, por fim, um mercado. Eu acompanhei toda a trajetória e participava sempre que podia. Quando me casei, meu marido e eu, que na época trabalhava com material de construção, decidimos montar algo maior, por isso decidimos vir pra São Paulo. Com a indicação do meu pai, compramos a loja de Guapira, uma pioneira para o setor. Na sequência, montamos a unidade da Rua Ataliba Leonel, já em prédio próprio. Hoje, este endereço possui 2 mil metros, um endereço muito conceituado no estado de São Paulo. Sempre fui apaixonada pelo varejo alimentar. Já tive oportunidade de atuar no atacado, mas sempre gostei do atendimento direto ao cliente e à dona de casa.
Como enxerga a evolução do setor, cada vez mais presente no ambiente digital?
A evolução é muito promissora para ambos os lados, tanto dos supermercadistas quanto do consumidor. Ampliar a comunicação promove alcances maiores, fortalece a marca e faz com que a relação da empresa com o público tenha mais proximidade e individualidade. Não existe nada mais importante do que ouvir seus clientes com sugestões, críticas e elogios. A tendência é de crescimento porque cada vez mais as pessoas querem comprar online, inclusive no ramo da alimentação.
Qual a avaliação do programa de Aprendiz que a loja implementou com a Checkout?
Avalio como de excelência. A implantação foi rápida e sem burocracia. É importante a gente reforçar que o programa atende a todos os requisitos do Ministérios do Trabalho. Estou satisfeita com o acompanhamento da equipe da Checkout e também com a evolução dos aprendizes na minha loja. Tem sido de grande valia e sucesso.
Como tem sido a experiência de ser Diretora Regional da APAS?
De grande crescimento pessoal, pois tenho a chance de conhecer pessoas altamente capacitadas, o que seria impossível sem esse relacionamento com a APAS. Também de muito aprendizado profissional porque participo de reuniões com outros diretores e associados supermercadistas. Aprendo bastante com a troca de experiência e com exemplos práticos que vivenciamos nas atividades da APAS. Temos um time incrível, sempre pronto a nos ajudar.
Quais os desafios e oportunidades que este cargo te proporciona?
Participar de reuniões com o poder público é um desafio, mas a sorte é que sempre fomos bem assessorados pelo time da APAS. Tive oportunidade de ajudar diversas pessoas com a campanha “Super Essencial”, que tinha o objetivo de manter os supermercados em pleno funcionamento durante a pandemia da Covid-19, para garantir o abastecimento da população de forma segura e ininterrupta. Também fui diretora do Comitê de Responsabilidade Social da APAS de Guarulhos, de onde me ausentei somente para poder assumir a diretoria regional. Este ambiente me proporcionou participar de ações que geram oportunidades para pessoas em situação de desemprego ou vulnerabilidade. Nosso grupo é composto por 23 mulheres supermercadistas e tenho muito orgulho de pertencer a ele.